obs:

O título desse blog é infeliz, mas só reparei depois. "Anti-país dos petralhas" dá impressão que sou contra os "petralhas" (como Reinaldo Azevedo se refere ao PT). Não, eu quis dizer que sou contra o Reinaldo e seu livro "O país dos petralhas".
É tão infeliz quanto uma pessoa de direita ser contra Marx e botar "Anti-O capital" e as pessoas acharem que a pessoa é anti-capitalista...
Bem, temos de conviver com os nossos erros né?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

de que lado Célio está?

(escrito e divulgado originamente no dia 14/8/13)
"mas afinal de que lado Célio está? Ele diz que não está do lado do foro do Eixo, mas mete pau no Arbex e pontua críticas à esquerda tradicional"

Bom, o lado que defendo é o do artista, simplesmente. O que mais temo é qua os ataques ao FdE ganhem contornos anti-artistas. Por isso que estou aproveitando um tópico de email: Abaixo da minha mensagem,o artista Junior Pimenta comenta que a questão do FdE é a ponta do iceberg da questão sobre a remuneração decente. Daí que proponho o teste: abaixo da assinatura digital de Pimenta, tem links, um dos links leva à reticências, e aí se vê que esse projeto tem apoio do governo do Ceará. O teste é: o que você achou? Se a reação for "Uai, ele critica o FdE mas também recebe verba do governo...", aí mostra que você não tá entendendo direito os artistas. O problema não são artistas, nem os coletivos de artistas e nem redes, o problema é o modelo de rede adotado pelo FdE. no caso, se Pimenta fosse filiado ao FdE, apreceria o logo do FdE e uma parte da verba do governo do Ceará estaria indo para o FdE.

Pensando na história da esquerda vejo os artistas como acadêmicos..., ou ainda como quilombolas. Explico: desde que começaram as manifestações, tem rolado disputas de espaços, e uma certa confusão sobre o que significar falar isso ou aquilo. Daí, que para se diferenciar dos nacionalistas, uma menina declarou: "brasileira coisa nenhuma, sou indígena, quilombola!". Historicamente essa fala é interessantíssima de ser analisada. Atualmente a esquerda se identifica com quilombolas, gays, etc, mas na década de 70 não era assim. Os comunistas diziam que as pautas das minorias atrapalhavam, pois interessava mais pensar na revolução geral, daí que a revista Lampião da Esquina(para público gay) não era bem vista nem pela direita, nem pela esquerda (essa história está na entrevista com João Silvério Trevisan). Quilombolas, então? A esquerda se dizia internacionalista, e portanto a pauta quilombola era pior que a nacionalista, específico dentro do específico, atrapalhava o internacionalismo e a reorganização geral da sociedade. Enfim, as minorias não eram bem defendas pela esquerda da época, daí que vemos hoje coisas como Fidel admitindo que perseguiu gays no passado.

Mas voltando mais no tempo, se vê que no começo a esquerda tinha problemas com a academia também. Marx estudou economia por fora da academia, pois as universidades eram controladas diretamente pelos governos e Marx nunca foi admitido como professor. Daí que em Marx/Engels é possível encontrar textos anti-academia. Demorou muito para o marxismo entrar na universidade, e havia um "muro" separando acadêmicos dos movimentos sociais. Daí que os primeiros contatos eram vistos com desconfiança por ambos os lados. "Por que os acadêmicos querem se aproximar do movimento? Será que não é para se aproveitar de nós? O que eles vão trazer de contribuição? Será que a contribuição deles não será apenas algo útil deles para eles mesmos, se exibierem entre eles?" Essas deviam ser algumas das perguntas. Vejamos: uma pessoa da academia pode se aproximar de sem-terra, por exemplo, e produzir uma tese, o movimento pode achar que embora o acadêmico diga que a tese em si é sua contribuição, a tese só serviu para o acadêmico ganhar prestígio entre os acadêmcios, e que nesse caso houve um "aproveitamento", o movmento foi usado como "trampolim". Hoje em dia a esquerda já tá tão acostumada com acadêmicos, que não vê problemas quando eles falam numa linguagem tão difícil que só é compreensível por seus pares, como se simplesmente se declarar um acadêmico de esquerda bastasse e fosse elogioso

Já os artistas, eu acho que não estão sendo ainda tão bem compreendidos. É mais fácil o artista ser acusado de se aproximar dos movimentos por interesses próprios do que os acadêmicos. "Mas para que serve essa arte?" é uma pergunta mais comum do que "Para que serve essa tese?" Aproveitando: menos comum ainda é perguntar ao jornalista: "para que serve essa reportagem?". Do ponto de vista de um sem-teto por exemplo, jornalistas, acadêmicos e artistas são pessoas que passaram um tempo vivendo junto - alguns até gerando prejuízos, como comer a própria comida do acampamento, outros fazendo pequenos trabalhos voluntários (e eu diria que os jornalistas são os que acabam comendo a comida, e os artistas os que fazem pequenos trabalhos voluntários, mas não vou generarizar) - e no final podem acabar sendo vistos como aqueles que subiram na carreira (jornalística, acadêmica, artística) se aproveitando dos outros, ganhando até verbas (como bolsas de estudo e editais).

Espero que a crítica ao FdE não ganhe contornos anti-artistas e que da mesma forma como incorporaram as minorias e os acadêmicos, no futuro não haja questionamentos do tipo "ah, mas os artistas se inseriram nos movimentos para se sustentarem de verbas de editais, é o ganha-pão deles, é a lógica capitalista" (lembrando que proporcionalmente poucos trabalhadores são acusados de ganharem o pão e assim alimentarem o capitalismo, a própria condição de trabalhador muitas vezes é endeusada ao invés de condenada. "ah, mas o operariado é nota 10, ele é quem gera valor, artista não", bem, mas a mesma crítica poderia ser feita aos acadêmicos!). Lendo os relatos tanto de quem saiu do FdE, quanto de quem permancece dentro, o que vejo são pessoas tentando ganhar a vida de alguma forma. E nesse meio, editais e patrocínios são rotina, e não é possível a esquerda querer que eles vivam de forma 100% doadores de si, como muitas vezes é utopicamente pregado mas é inviável. 

 OBS: Vai acontecer o 2° seminário "há machismo dentro da esquerda?", discutindo sobre reprodução de opressões, reparem que mulheres existem há muito tempo e esquerda idem, mas mesmo assim o seminário tem ares de discutir coisa inédita. Daí que não posso deixar de obervar um dos defeitos da esquerda: se hoje em dia, as minorias são acolhidas, incorporadas, e o mesmo aconteceu com os acadêmicos, o que não vemos são admissão de erros. Vemos pouco alguém dizer que errou, o que vemos são pessoas dizendo "outros erraram, mas eu tava certo, eu era dissedência na época". Talvez seja por isso que vemos toda hora surgirem grupos novos de esquerda: ao invés de erros, parece até aquela história do darwinismo de sobreviverem os que tavam certos desde o começo, e esse grupo é que evoluiu angariando mais adeptos... Daí que os que aceitam agora as minorias falam como se sempre tivesse sido assim na esquerda e penso que isso atrapalha justamente pensar em incorporar outros de fora, pensar em admitir erros. Arbex (coitado, tô metendo o pau de novo) por exemplo ao invés de pensar em incorporar novos elementos da contracultura, opõe contracultura x velha luta de classes. "Não sou brasileira, sou indígena, quilombola!" entonada para resgatar a velha opisição direita nacionalista x esquerda, mas como se desde sempre esquerda e quilombolas estivessem nessa luta contra a direita... é realmente um caso curioso! (e até sugeriria para um antropólogo de esquerda colocar como tema de estudo, que por sua vez poucos o criticarão pois o acadêmico será visto como um cara que estuda a esquerda o que por si só seria elogioso, ou como um simples cara que tá ganhando a vida honestamente)

 Enviadas: Sábado, 10 de Agosto de 2013 18:35
Assunto: Re:O Fora do Eixo é uma organização voltada a si própria - por Arthur Taguti



Flávia,

Essa questão do Fora do Eixo, é a ponta a iceberg, é algo que deve ser repensado... Existe um grande risco 
nesse processos de financiamento da cultura, onde na maioria das vezes, tem pessoas â frente, que não tem conhecimento,
nem interesse em cultura, e pensa apenas em números. E onde o dinheiro, vêm de isenção fiscal, na sua grande maioria.

O setor de marketing, pensa em quantidade... E acredito que não apenas as instituições privadas fazem isso ( com isenção
fiscal) como também o próprio governo em alguns casos. Vejo que é papel do governo apoiar principalmente iniciativas, que não
conseguem se inserir no campo mercadológico. Acredito num modelo, onde você possa atuar de maneira profissional onde todos 
os envolvidos sejam pagos.

A algum tempo que só participo de projetos ganhando pro-labore, ou quando ninguém está ganhando nada, e se eu estiver 
interessado também entro sem ganhar. Penso, que essa postura de cobrar respeito, tem que partir da gente também, das nossas 
posições enquanto artistas.

Abraços e vamos em contato...



Enviadas: Sábado, 10 de Agosto de 2013 12:59
Assunto: O Fora do Eixo é uma organização voltada a si própria - por Arthur Taguti

  Enviado por luisnassif, sex, 09/08/2013 - 21:00
Por ArthurTaguti
Olha, o que me impressionou na entrevista de Capilé/Torturra, bem como na réplica de integrantes do FdE a Beatriz Seigner, é o uso obsessivo da metalinguagem. Enquanto Beatriz parece uma amante da arte e aborda questões culturais em todo o seu texto, as respostas, em sua maioria, centraram-se no FdE em si: nós, nós, nós, nós, nós, nós.
Um trecho do já viral texto dela é bem revelador. Ela diz: "e o meu choque ao discutir com o Pablo Capilé foi ver que ele não tem paixão alguma pela produção cultural ou artística, que ele diz que ver filmes é “perda de tempo”, que livros, mesmo os clássicos, (que continuam sendo lidos e necessários há séculos), são “tecnologias ultrapassadas”, e que ele simplesmente não cultiva nada daquilo que ele quer representar. Nem ele nem os outros moradores das casas Fora do Eixo (já explico melhor sobre isso)".
Assim, não é por nada não. Mas como é que alguém que pensa que uma "bisoiada" no Wikipedia ou no primeiro link digitado no Google pode substituir escritores que desvelaram a alma humana, escreveram sobre temas universais como inveja, medo, cobiça, amor, ódio, culpa, como Machado de Assis, Shakespeare, Oscar Wilde, Dostoievski, e etc., pode se apresentar como um Mecenas da Cultura?
Como é que pode alguém se apresentar como Mecenas, se considera filme "perda de tempo"? Será que a sociedade digital tornará obsoleta as lentes analógicas de Akira Kurosawa, Federico Fellini, Charles Chaplin, Gláuber Rocha? Será que o apego ao "novo" o torna insensível a todas as emoções humanas que a arte desperta?
Como é que MinC e diversas Secretarias Estaduais e Municipais empregam milhões e milhões, para fomentar a cultura, em uma organização manejada por alguém que não reconhece a atemporalidade e universalidade da arte genuína (como os livros e os filmes clássicos)? Alguém que pensa que a linguagem vista em "Crime e Castigo" ou "Memórias Póstumas de Brás Cubas", ou até o culto a vida e ao amor em "Memórias de minhas putas tristes" pode se tornar obsoleta, como se fosse um gadget ultrapassado?
Por isto que chega-se a inevitável conclusão que o FdE é uma organização voltada a si própria. E não é ojerizando o novo não. Já disse muito aqui que sou fã do pessoal do MPL, que deve ter seus defeitos (como qualquer outro movimento social), mas tem um discurso político claro, uma estrutura organizacional que nenhum ex-integrante - até agora - contestou com tanta contundência a ponto de se tornal viral nas redes sociais.
Assim, vendo por este prisma, já não me espanto mais com o desrespeito aos artistas, que não são remunerados mesmo sendo o Coletivo muito competente em captar recursos públicos e privados, e aos próprios empregados, que se dedicam 24/7, sem carteira assinada, sem previdência social, sem FGTS, e ainda, segundo Laís Bellini, ficam sujeitos a todo tipo de assédio moral, lavagem cerebral e perseguição.
Isto porque o objetivo maior do FdE parece ser a promoção da organização e dos seus dirigentes. Aí entramos naquela discussão que os fins justificam os meios. Atua-se como camaleão, metade estrutura empresarial bem articulada para captar milionários incentivos, metade socialismo utópico (sem o socialismo) para explorar empregados, não pagar cachê a artistas e ganhar a opinião pública (inclusive com crowdfunding), sendo tudo moralmente permitido se for para a realização do objetivo maior, promover esta estrutura que eles crêem revolucionária.
Não é a toa o discurso messiânico e autoconglatulatório. Tanto que a resposta do Torturra é reveladora disto: "estou deprimido", "vocês não entendem o que fazemos", pedindo até uma tolerância ao calote, tudo em prol do sucesso deste modelo "novo".
Assim, com o poder público empregando recursos a quem não cultua livros nem filmes, a consequência é o que estamos vendo aí, a instrumentalização do discurso de promoção a cultura, levando a sua desvalorização, pois se torna meio, moeda de troca, para fins outros que não culturais.
Olha, eu gostava muito de assistir o Mídia Ninja, curti para caramba o baile que eles deram no Roda Viva, quando discutiram a velha mídia, mas, como dizem, nem tudo o que reluz é ouro, e infelizmente o único novo que continuo admirando é o MPL.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

video da Lais Bellini

Lais Bellini. Video upado pelo Fora do Eixo TV em 25/11/11. Talvez sirva apenas curiosidade para se conhecer o rosto e a voz dessa ex-panticipante do FdE cujo relato ficou famoso. Mas... não sei se é o jeito dela mesmo, mas a maneira dela desviar o olhar parece indicar uma insegurança no que fala.

OBS: o relato dela e da Beatriz chegaram a aparecer na Veja, dentro da coluna do Reinaldo Azevedo, vide http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/fora-do-eixo-a-seita-totalitaria-2-ex-interna-relata-o-dia-a-dia-da-casa-dos-horrores-em-que-pablo-capile-e-rei-e-profeta-amizades-monitoradas-vida-afetiva-e-sexual-patrulhada-tecnica-de/
e http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/fora-do-eixo-a-seita-totalitaria-1-mais-uma-vitima-torna-publico-o-seu-depoimento-ou-a-diferenca-de-capile-digo-nao-me-sigam/
 Reinaldo fez uma série de artigos sobre o Fora do Eixo.

A Veja ataca outros veículos, principalmente se vem do campo popular ou da esquerda. Desse onto de vista, não é novidade ela querer atacar a Mídia Ninja.

Acho que a tática da Veja é de condenar toda forma de militância, não só na área política mas mesmo a da área cultural, em todas as áreas na verdade. Uma vez numa matéria sobre super-heróis a Veja aproveitou para condenar a "militância" dos fãs fanáticos, dizendo coisas como "pare de levar filmes e gibis a sério, cresça, arrume uma namorada e arranje algo útil para fazer" A equipe do Universo HQ respondeu http://universohq.blogspot.com.br/2006/07/cultura-nerd-edio-desta-semana-da_10.html

Aliás como a Veja entrou na discussão, tem gente que ficou meio dividido e na dúvida (Pois em muitas coisas, se a Veja tá criticando, as pessoas esclarecidas devem fazer o contrário e apoiar), e como se não bastasse, a UJS (União da Juventude Socialista, juventude do PcdoB que está na direção da UNE) resolveu apoiar o Fora do Eixo (argumentando que a mídia tá atacando o FdE e por isso devem ser apoiados) e até escreveu "Somos todos Fora do Eixo". Aí as pessoas (principalmente militantes do meio estudantil) também pensou coisas como "se a UJS tá apoiando, coisa boa não deve ser"! É possível ver essa dúvida de apoiar ou não por exemplo no texto da Adital.

Mas voltando à Veja, para mim eles simplesmente condenam qualquer forma de militância e isso é o principal. Se tem gente escrevendo a respeito, mesmo sem remuneração (como é o presente caso), isso também a Veja seria contra (talvez ela nos chame de "praga de militantes blogueiros querendo saber a verdade, arrenjem algo útil a fazer"!).

(Quando 2 blogueiras começaram a travar uma discussão, contra e favor do FdE, ressaltando que deveriam se posicionar a favor/contra sem cair na armadilha de ter como exemplo a Veja ser contra o FdE, bem, nessa hora achei a situação meio irônica pois provavelmente as 2 seriam condenadas pela Veja de qualquer forma!)

 Para descontrair, tem um vídeo muito engraçado de um cachorro com essa dúvida:


uma resposta ao "Lulismo Fora do Eixo"

(Na lista de emails foi postado o "Lulismo fora do eixo" - http://www.advivo.com.br/node/1465495  de Arbex. Essa é minha resposta. Escrito e divulgado originalmente no dia 11/8/13).

Para reforçar: "Lulismo fora do eixo" foi escrito 2 anos atrás, na época da Marcha da Liberdade.

Portanto é meio ultrapassada ao criticar o protesto pacifista, ligando (a meu ver, de forma pouco ligada) pacifismo ao "Lulinha paz e amor". A meu ver Arbex chega à errônea conclusão de que FdE é lulista e a juventude "atual" junto com o FdE é casada com as políticas pouco revolucionárias do Lula.

Daí Arbex defende a esquerda tradicional acusando a juventude atual de pacifista. (e defende a esquerda tradicional também como alternativa ao PT.)

E por que é ultrapassada? Porque as marchas atuais além da face pacifista tem a face do "vandalismo".

Se o pacifismo era atribuído ao FdE, o vandalismo é atribuído ao Black Bloc.

Quem escreveu contra o Black Bloc foi PSTU, que disse que o vandalismo é contra-revolucionário por incentivar a repressão policial e também que o vandalismo mostra o quanto o povo é desorganizado. LER-QI, e agora o PCO estão escrevendo contra a posição do PSTU.

PCO diz:
"Um argumento particularmente cretino – uma palavra que Marx usava saborosamente contra a esquerda pequeno-burguesa da sua época – é o de que o suposto vandalismo é obra de pequenas minorias, dando a entender que seria apoiado e legítimo se fosse de uma maioria. Nesse caso, não seria melhor propor a expansão do vandalismo ao invés de condená-lo? (...) se a ação dos 'vândalos' é desorganizada, deve ser organizada.
Se a ação dos 'vândalos' é sem objetividade, deve ser fornecido um objetivo claro a ela.
Se a ação dos 'vândalos' é minoritária é preciso torná-la geral.
E não combatê-la."

(Eu achei a posição do PCO acima bastante ingênua, eles frequentemente escrevem como fosse simplesmente uma questão da ideologia do PCO contaminar mais gente que teríamos a revolução. Aproveitando: detesto o PCO, só citei por estar mais à mão)

Nenhum dos 3 (PSTU, LER-QI, PCO) diz que vai se juntar ao Black Bloc. Os 3 se colocam como esquerda tradicional, os 3 querem ser alternativa ao PT.

(aproveitando também: nada contra a esquerda tradicional, Arbex tá mais para PSOL. Tudo bem, pois entre os partidos citados, só tive problema com PCO. Dos outros tenho amigos inseridos neles. E que bom vê-los pensando em alternativas por dentro dos estudos tradicionais da esquerda, até porque eu também sou marxista!)

Enfim, tanto o pacifismo do FdE quanto o vandalismo do Black Bloc são criticados pensando-se em alternativas ao PT. Por outro lado, é provável que nem o pacifismo nem o vandalismo se sintam representados nem pelo FdE, nem pelo Black Bloc... embora eu não esteja defendendo o apartidarismo, acho que não quer dizer que criticando os aspectos deles os partidos angariarão militantes na mesma proporção.

Na verdade acho que a anarquia (eu não disse anarquismo) das mobilizações vai continuar, embora também seja louvável que paralelamente à isso esteja sendo pensada a expressão partidária e eleitoral disso. Digo "paralelamente" pois pensar em arregimentar toda essa agitação em uma expressão político-partidária é besteira e inviável de antemão (o que tem seu lado bom também de manter a diferença entre partido e povo).

Quanto ao FdE, disse que eles têm de ser entendidos no contexto da arte e seus membros e ex-membros entendidos enquanto artistas. Mas eu, enquanto artista não me juntaria ao FdE. Na verdade quando saiu o artigo "Lulismo Fora do Eixo" na Caros Amigos, o que ouvia os artistas comentarem é que Arbex criticou de forma muito genérica alguns pontos e não criticou onde interessa ser criticado. Por exemplo apontar contradição entre novas mídias e luta de classes é a parte genérica, fora de foco (Arbex diz que é erro pensar que a mobilização nasceu da internet, nasceu da miséria e da velha luta de classes). Ou ligar pós-fordismo, contracultura (incluindo os hippies, como ele frisa) ao petismo é outra coisa no mínimo fora de foco, passível até de ser considerada errônea. Já um ponto que os artistas sentiram falta e seria interessante de ser criticado é a crescente vontade das empresas aglutinarem aspectos da contracultura (e até os de esquerda acham divertidos algumas peças publicitárias e compartilham no facebook elogiando) e os grupos como FdE meio que servirem de assessores ou intermediários entre publicidade, arte e ativismo, daí que tinha aquela proposta do FdE da Marcha da Liberdade ter patrocínio não-escancarado da Coca-cola. (Só para dar uma alfinetada, e todos verem como essa discussão existe e é atual: quantos, mesmo da esquerda tradicional, não usaram a hashtag ‪#‎vempararua‬? E "Vem para rua" vem de que anúncio publicitário mesmo?...)

Eu acho que algumas coisas devem ser incorporadas e não combatidas. Assim como os anarquistas/anti-partidários aceitaram a ajuda dos advogados de partidos quando foram presos nas manifestações, não vejo porque os partidários devem rejeitar a Midia Ninja. Se compartilhar significa compactuar com trabalho escravo? Bem, acho que os que se sentem escravizados não continuam lá e pronto (e nisso que vejo semelhanças com a CAros Amigos). Se Mídia Ninja gosta de estampar o carimbo deles, bem o jeito é aceitar que tem muita gente ávida para informar, indiquem um novo canal onde possam fazê-lo (já que tá rolando campanhas para não compartilhar coisas da Caros Amigos, Anonymous e Midia Ninja, qual a alternativa? Já vou avisando que o povo não vai aceitar o "usem o canal do nosso partido".).

OBS: quanto à canais de mídia, acho válido citar que no facebook, Vivacqua comentou: "... continuo chamando a atenção para o CMI - Centro de Midia Independente, que na virada do milenio foram quem realmente criaram esse campo livre de expressão na comunicação justa. Midia Ninja, não faz mais do que deveria fazer, e que bom que está fazendo direito." E Honorato comentou: "Também me parece importante fazer referência ao CMI, na medida em que tendo história e memória a coisa fica mais forte, mas a comparação tem alimentado muita disputa pelo pioneirismo do "campo livre", o que pra mim entra numa sintonia equivocada. De resto só queria comentar que a "quebra de narrativas" me parece, sim, um dado concreto e recente, do que os Ninjas têm sido protagonistas (e nada disso é uma "decorrência lógica" do CMI). Apenas acho discutível ou contraditório, ainda me atendo à entrevista do Torturra, a sugestão de uma espécie de prerrogativa da realidade, associada ao lugar que os Ninjas têm ocupado."

FdE pode ser visto como um rival, embora eles digam que é estreiteza de visão serem vistos como partidos, acho que podem ser encarados como partido rival, afinal não são simplesmente a expressão do campo livre de expressão (eles dizem ser, mas notem que todo partido diz que seus informes são também exrepssão do campo livre de expressão). Negam que há coação entre seus membros e que se os membros se submetem ao sobretrabalho, é porque aceitaram essas condições por uma causa maior (todo partido diz o mesmo sobre seus militantes). Quanto ao dinheiro, eles dizem que as verbas públicas realmente foram para os projetos e que os patrocínios e doações recebidas não adulteral seus ideias (os partidos dizem o mesmo). Favor não confundam financiamento de governos com editais, os editais de cultura tem regras criteriosas, e o simples fato de projetos culturais receberem verbas de editais não configura falcatrua nenhuma. Senão vocês descem ao nível da Veja (para a Veja todo gasto que do governo do PT é falcatrua, sem distinção entre o que foi lícito e ilícito!).

Por fim, tenho algumas sugestões de links:

A FAVOR:

Sergio Amadeu - https://www.facebook.com/sergioamadeu/posts/10153094845610274 "1)O fora do eixo nunca foi paradigma de ação política de esquerda. Trata-se de um grupo de ação cultural que se tornou político, mas não tem raízes na esquerda, mas nos movimentos de rede (...) 10) Precisamos organizar um campo de esquerda. Gostaria que os diversos movimentos de rede pudessem integrá-lo. Quero unidade de ação contra o capital. Trabalho pela liberdade na internet com a esquerda do PDT, com o PT, com o PSOL, com o MST, com autonomistas, anarquistas, com o PCdoB e tantos outras organizações.

Rafael Vilela - https://www.facebook.com/piravilela/posts/684090298272627 - que diz que foi repórter da Midia Ninja enviado ao Egito, ou seja correu risco de vida pelo FdE.

Aderbal Ashogum Moreira - https://www.facebook.com/photo.php?fbid=642001229143524&set=a.195723437104641.50322.100000009586758&type=1 - "(...) me chamou a atenção aquela organização que se parecia com uma comunidade de terreiro, todos trabalhavam em tudo (...) .Fora do Eixo somos todos que estão a margem desta merda toda que esta ai posta."

CONTRA:

Shannon Garland - http://lagringasudaca.com/post/57814963701/olhar-de-alguem-de-fora-no-fora-do-eixo - entre outras declarações interesantes, "(...) sim, eu já vi, tem pessoas mais altas no processo vigilando as mais novas—indivíduos e coletivos. Eu vi, como Laís falou, claramente o desejo das pessoas poderem subir na rede,"

Isabelle Gusmão -https://www.facebook.com/speakenglishI/posts/4609374290775 - "Nós exijíamos o pagamento dos cachês, e quando tocamos no assunto eles disseram que se penssavamos assim, estavamos nos tornando uma casa de shows comum, que não tinha nenhuma responsabilidade com a demanda cultural da cidadade. Foi aí que tive um lapso de raiva, tristeza, e dor muita dor. Porque vi, como pessoas tão supostamente revestidas com um discurso cheio de frases de efeito pode te fazer mal, pessoas sem índole"

A esquerda é melhor que o Fora do Eixo?

(série sobre Fora do Eixo, a partir das repercussões do caso Beatriz Seigner - resumo aqui)
(originalmente escrito e divulgado -emails, facebook - no dia 9/8/13)

 A intenção é fazer uma crítica construtiva mostrando as contradições. E também humanizar a visão sobre como os artistas vivem.

Fiz e refiz o título do artigo, mas acho que não tá bom... a minha intenção é de pontuar críticas construtivas.... mas receio que para alguns soem mais críticas que construtivas e se afastem de mim. Pensei várias vezes em me abster da discussão, o que não queria é que os meus amigos de esquerda se afastassem de mim (são de várias organizações, até conflitantes entre si, mas os admiro), mas por hoje, vou escrever como um artista que vê a esquerda discutir o FdE e chamarei a atenção para algumas contradições.

Por coincidência o relato da Beatriz vem ao mesmo tempo que a UNE volta a ter monopólio sobre as carteirinhas que servirão para serem utilizadas sobre 40% dos ingressos. Vi que a oposição da UNE está dizendo que é um retrocesso no acesso à cultura como direito, etc. Mas eu comentei que por outro lado, a carteirinha estudantil estava servindo majoritariamente para acesso à cultura alienante e até elitizada (ingressos a shows que custam mais de R$ 300) e que desse ponto de vista, não se perdeu muito. Não estava cara a cara com ela, foram comentários no facebook, mas senti que ela não gostou muito do meu ponto de vista.

O que a cineasta Beatriz criticando o FdE e a carterinha da UNE têm a ver? Ora, simples, o cinema! O que quero dizer é que não adianta por um lado aplaudir artistas sendo reprimidos e do outro defender uma carteirinha para a juventude ver um cinema hollywoodiano. Se for assim, é o mesmo que pegar a crítica da cineasta para atacar um concorrente e a cineasta que se dane. Essa é a postura de Reinaldo Azevedo e seus seguidores (o relato dela foi parar no site da Veja) que pelos comentários é possível ver que por eles, a crítica serviu para desmascarar a Mídia Ninja e por eles não existiria financiamento à arte, nem à mídia (contraditório, pois a própria Veja recebe verbas de publicidade estatal) e não defenderiam sequer o cinema nacional.

"Ah, mas a UNE promove o Bienal da Cultura!". Sim, mas em dose homeopática em comparação ao montão de gente que vai ver cultura alienada com a carteirinha. Mas bem lembrado, isso me lembra que anos atrás, uma artista reclamava que não foi paga pela participação na Bienal da Cultura da UNE. Talvez a oposição da UNE esteja sorrindo "ah, uma coisa em comum entre a majoritária da UNE e a FdE: não pagam os artistas!...." Bem, vou ter de pedir para tirar o sorriso, pois eu tava repassando a denúncia para ver se o caso ganhava alguma solução por via da publicização. Mandei para uma lista onde tinha um diretor da UNE. Eu questionei: "fulano, se você é direitor da UNE não pode fazer algo?" Ele respondeu que não faz parte da majoritária, e sim da oposição da UNE, que cultura não é com ele e que assim não faria nada! Foi até seco e sequer repassou a denúncia... sei lá, ele poderia ter repassado para os companheiros também de oposição para denunciar como tática da majoritária... mas não, simplesmente o assunto morreu na caixa de mensagens dele. Isso até me faz pensar se na verdade o relato da Beatriz não teria sido espalhada mais por ser um caso notório (e político) do que por um caso de injustiça. A injustiça que a diretora de cinema viu foi publicizada, e a injustiça de uma encarregada de organizar o Bienal morreu o assunto na caixa de mensagens do diretor da minoritária da UNE... (essa é uma parte que quero que me entendam como crítica construtiva! O que quero dizer é: publicizem a injustiça e se possível tentem resolver os casos. Nem estou dizendo que foi má-vontade pois não conheço o funcionamento das diretoras da UNE. Vou explicitar isso para não antipatizarem comigo à toa pois tem mais coisa à frente!)

O artigo "Lulismo fora do eixo" de José Arbex Jr. só consegue mostrar conexão temporal entre lulismo e FdE: Lula se tornou presidente, dali a pouco FdE apareceu... que conexão fraca! (isso até me lembra de um quadrinho que fiz: "você nasceu no mesmo país de Lula e mesmo assim nega ter jantado com ele?"). Estão achando mais conexões entre FdE e PT? Mas também entre FdE e Marina e até FdE e PSDB? Ótimo, ótimo, são dados recentes e de qualquer forma vocês estão melhores que o Arbex. Mas o artigo dele não é só sobre isso, ele diz haver conexão também entre "Lulinha paz e amor" e a mensagem pacifista das marchas atuais. Se bem que ele se refere à Marcha da Liberdade que aconteceu há uns anos, mas de qualquer forma, Arbex e outros ficam achando que as marchas atuais chamadas com internet e redes sociais atrapalham o ressurjimento de marchas parecendo aquelas de pinturas da revolução francesa. Sinto muito, mas nesse ponto tenho de concordar com outros autores que dizem que a esquerda tradicional está com dificuldade de lidar com as novas tecnologias, decepção com partidos políticos, etc. Até porque as marchas atuais não são apenas de face pacífica, a outra face, violenta - a do Black Block - também está sendo criticada (tem críticas do PSTU e da LER-QI criticando o PSTU. Imagino que LER-QI não se junta à violência do Black Bloc mas diz ser uma expressão popular a ser compreendida, e ao mesmo tempo denuncia o pacifismo à qual se juntou o PSTU; e o PSTU deve estar fazendo o inverso, dizendo que não se junta aos pacifistas mas o pacifismo é expressão popular e como LER-QI se junta ao Black Bloc).

Tá, talvez tenha pegado um pouco pesado no parágrafo anterior, eu por mim diria que no fundo não adianta tentarmos adivinhar os caminhos do povo, e que é válido tentar guiá-los para algum caminho desde que essa guia não sirva para improdutivamente um grupo ficar alimentando rivalidade desmobilizadora em relação ao outro.

Mas voltando ao Arbex, o artigo dele saiu na Caros Amigos! Daí entra outra contradição pois a Caros Amigos esse ano que tem gente saindo de dentro, reclamando de trabalho escravo, etc. Enfim, dizem que há trabalho voluntário/escravo no Mídia Ninja/FdE, mas Caros Amigos foi um projeto que por anos e anos a esquerda dizia para os trabalhadores lá dentro que era melhor eles aguentarem, é por um bem maior, etc. Inclusive, os relatos tristes da ex-FdE Laís Bellini ( https://www.facebook.com/lcbellini/posts/702021409824865) me fizeram pensar que o que se falava dentro da Caros não devia ser diferente. Aliás, um dos espaços usados para escrever sobre o FdE é o site PassaPalavra, e provavelmente os autores estão postando lá sem pensar em como os funcionários do site se viram, etc. Eu não conheço como funciona esse site, se quem trabalha está feliz, muito bem, mas quero dizer que tem muitos projetos por aí com trabalho mal-remunerado ou voluntariado, então não deviam encarar o caso do FdE como um alienígena.

Também sei de pessoas que saíram de partidos, na saída estavam muito decepcionados e tristes, e nisso também vejo semelhança com os relatos de quem saiu do FdE. "Ah, mas FdE não é partido", pois é, seria aceitável o trabalho pouco remunerado/voluntário/escravo se fosse de um partido, ou movimento social, ou de um jornal de esquerda? (um importante adendo: esses defeitos tolerados são vistos não só na esquerda. Acontece cosia semelhante em grupos de direita, em ONGs, entidades religiosas, etc. Cada um doa sua dedicação para o que achar melhor.) Afinal o que é o FdE?

Dizem que o FdE é uma mistura de partido, agência publicitária, seita, coletivo de artistas, etc, etc. Sendo que partiram da área cultural/artísitca, a pergunta a seguir é: a esquerda está mesmo enxergando os artistas?

Encaro que denunciar o FdE como receptor de patrocínios de entidade privadas e de verbas públicas, não sei se a esquerda percebe, mas o fato em si não quer dizer muita coisa. Além de ser algo comum, há contradição em exigir que o governo financie a cultura mas reclamar que tem mais artistas recebendo verbas. "Ah, mas porque tantos artistas que aparecem em locais públicos?", bom, então você entra em outra contradição que é reclamar que tem artistas que ficam em seus ateliês, e não gostar dos artistas que fazem da rua seu suporte artístico."Ah, mas uma coisa é intervenção artística urbana, outra é artista com posição política", bom, contradição de reclamar que artista não se politiza... "Ah, mas Frida Kahlo era politizada mas separava...", bom, aí que entra a coisa moderna de arte sem suporte, performances, e outras discussões que SÃO VÁLIDAS ARTISTICAMENTE.

Vocês podem não concordar com eles, mas os que acham que FdE estão se inserindo onde não deviam estão errados, FdE pode fazer o que quiser, a questão é se isso é bem recebido ou não. Tem artista que diz que quer mostrar a podridão do mundo e o fim da arte, aí vende aos milionários animais apodrecendo. Eu por mim diria que o artista foi irônico e aparentemente os milionários não entenderam e foram enganados, mas tudo bem, isso é permitido e é arte. Um coletivo de artistas colocou pães nas árvores na praça e uns mendigos perguntaram se podiam pegar para comer e um deles disse que ia pegar, mas que se sentia humilhado, mesmo que a artista explicasse que não é para humilhar que deixou os pães nas árvores para serem pegos, isso também é permitido. Merchands financiam pixadores que enfeiam muros alheios, e não que o merchand tivesse quererndo destruir a propriedade privada de concorrentes, é uma reflexão, uma atitude, é arte!

Já houve intervenções artíticas que mudou a realidade? Bem, eu diria que sim, como no caso dos artistas terem ido à ocupação Prestes Maia (tem imagens e relatos na internet, eu também participei por um período). "Ah, mas isso só gera registros e discussões entre artistas e estudiosos da arte, do que isso adianta?" Bem, sinto informar que muitos dos debates que a esquerda faz também só gera papo entre os entendidos e acadêmicos, os intelectuais de esquerda quando criticam, se sentem os tais, mas no final seus escritos vão ficar guardados pela academia, e eu poderia perguntar do que isso adianta.

"Mas o ponto é: vai haver revolução com a arte?" Bem, talvez... não sei se é, mas talvez a revolução seja a grande obra artística que o FdE almeje, não sei, tem de perguntar a eles. Se querem fazer parte da história, se querem ser a história. "Revolução é o objetivo dos movimentos e partidos, essa é a diferença com FdE", infelizmente nesses tempos, não é possível dizer dessa forma. "Ah, mas FdE cria entraves!", bem os movimentos e partidos estão toda hora acusando uns aos outros de serem entraves!

Opa, vai parecer que estou defendendo o FdE, não é isso. Essa coisa grande que se tornou FdE, mistura disso e aquilo... numa palavra eu diria que é medonho! Sei que medonho é um adjetivo vago, mas essa é a palavra que me ocorre, principalmente lendo os relatos de ex-FdEs. A questão central é: podemos criticar o FdE, mas eu digo que eles têm de ser entendidos no contexto da arte, e os que saíram também têm de ser entendidos enquanto artistas! Quero chamar a atenção para as especificidades da vida deles, para que a compreensão fique mais próxima, mais humana! Não é por serem uma seita que seus membros se submeteream àquelas condições de trabalho, isso se vê em muitas organizações (partidos, ONGs, Igrejas...). O problema não é o fato de receberem patrocínios e verbas (jornais da Veja à Caros Amigos também recebem), nem de ganharem bolsas para estudar e ajuda para palestrarem (como os intelectuais/pensadores de qualquer ideologia). Onde está o problema então?

Pois é, aí olho novamente para a esquerda e pergunto: será que o problema simplesmente não estava na disputa de espaços, coisa que a esquerda faz entre si há tempos? Coisa pela qual, inclusive os inescrupulosos dizem: "opa, publiciza o que a cineasta e os artistas estão dizendo, mas depois o cinema e a arte que se danem!".

Pode ser que que seja apenas disputa de espaço? Eu vejo muitos sinais, e inclusive não acho que isso seja muito saudável de se fazer em pleno período de mobilizações populares. Mas a verdade é que vi pessoas divulgando a Midia Ninja após os compartilhamentos de materiais contra os Anonymous! Quer dizer: a Midia Ninja ganhou espaço justamente porque tava rolando uma picuinha, acho isso muito irônico! (Apesar de parte da crítica contra Anonymous ser válida, a meu ver foi picuinha a discussão sobre usar ou não máscara, ou o significado da máscara de Guy Fawkes. Quanto à "mascarados não me representam", é engraçado que um amigo que postou a frase agora adota como avatar a figura de um mascarado do ELZN! E quanto à Guy Fawkes, acho improdutivo ficar vasculhando a origem. É como ficar vasculhando o significado da figura do palhaço - vocês sabiam que as roupas largas, bochechas e nariz vermelhos, na sua origem era para rir dos pobres? -, ou ainda, da origem da tão cultuada Mafalda de Quino. Enfim, para mim o uso da máscara é apenas expressão, assim como na Revolução do Chá nos EUA os manifestantes se vestiram de índios para atacar os navios ingleses e provavelmente não pensaram a fundo no significado da figura do índio - talvez o racismo americano fosse menos forte se tivessem pensado a fundo, e não apenas encarado apenas como símbolo contra o poderio britânico - que o monarquista Guy Fawkes também combateu).

Reforçando para finalizar: reflitam se a crítica ao FdE não é picuinha (sendo que a Midia Ninja ascendeu a partir da picuinha contra Anonymous), entendam o contexto da arte, o modo de vida (e motivações) dos artistas, e façam coisas úteis no contexto atual de mobilizações (Se a Caros Amigos e Midia Ninja são escravistas, que mídia é boa?)

Capas a registrar

(+atualização de abril 2014)
(+atualização de dezembro 2014)
(+atualização de janeiro 2015)

Essa foto (via facebook) não pode deixar de ser registrada:


O assunto mais importante da semana do dia 11/8/13 era "a revolução dos músculos"?!

o texto que acompanha a foto:
"O editorial de Veja desta semana, do jornalista Eurípedes Alcântara, é um monumento ao cinismo. Nele, o diretor da revista afirma: "Há indícios, mas não provas". No texto, diz que "ao escândalo Siemens no Brasil faltam evidências sólidas" e diz que "tanto quanto as autoridades, os repórteres de Veja as estão buscando" (pausa para gargalhada). Antes dele, Merval Pereira havia lamentado a corrupção no PSDB e Reinaldo Azevedo afirmou que a teoria do domínio do fato não poderia ser aplicada a tucanos como Andrea Matarazzo. Essa cautela, evidentemente, jamais existiu em relação aos adversários políticos dessa mesma imprensa, que eram criminalizados ainda enquanto réus. O que demonstra que a ética se transformou, no Brasil, em instrumento de guerra política e comercial.

Leia mais: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/111257/Caso-Siemens-desmoraliza-de-vez-a-mídia-engajada.htm
"


 Comaprar capas pode ser divertido. Por exemplo, na crise econômica, a Veja fez capa com Tio Sam, e na semana seguinte, a Carta Capital mandou a resposta. 

ATUALIZAÇÃO ABRIL 2014

E na 1° semana de abril, Veja novamente se destaca!

Engraçado que enquanto até mesmo a Superinteressante, outra publicação da editora Abril (MESMA DA VEJA) abordou o golpe:
A equipe da Super preparou matérias como essa: "10 mitos sobre a ditadura no Brasil (ou Por que você não deve querer que ela volte)", ou seja, de um gosto meio "petralha" para a Veja. 

Aliás, um episódio curioso que pode nos dizer muito sobre a Veja: em 2006, a Veja fez uma matéria de capa sobre o Youtube (uma novidade na época), e esse é um dos vídeos que a matéria colocava como exemplo do que as pessoas vêem no Youtube:

A matéria parecia da área de entretenimento, mas obscuros vídeos com pouquíssimas visualizações ilustravam o fenômeno Youtube. Se não me engano, a própria matéria dizia que o vídeo acima tinha umas 300 visualizações (300 visualizações numa matéria sobre Youtube!). Bem que alguém comentou: "mas quem assistiu isso? Os estagiários da Veja?"

Não era a Veja fazendo uma reportagem sobre o que as pessoas assistem no Youtube, era a Veja querendo promover a visibilidade de vídeos com conotação política. E como se não bastasse essa sujeira, nesse vídeo o falecido ACM conclamava as forças armadas! Então a que conclusão podemos chegar sobre esse recente episódio das Capas em Abril/2014?...

ATUALIZAÇÃO DEZEMBRO 2014

ver também "As mais vergonhosas capas da Veja durante o regime militar" do site História Ilustrada


ATUALIZAÇÃO JANEIRO 2015

Estão puxando o saco do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que não agradou às esquerdas.

Note como colocam em lados opostos "poder" e "saber", com o subtítulo "Com eles juntos, temos uma chance de atravessar o tempestuoso 2015, se duelarem, o Brasil perde".

Ou seja, para eles, a Dilma é burra, mas como o "saber" está ao ali para manter a economia capitalista funcionando, então tudo bem.

O que acho curioso é que os ministros da fazenda são protegidos. O Palocci que chegou a ser tão odiado como mensaleiro, no começo do governo Lula era elogiado, como quando ele apareceu na capa de junho de 2004.
Então é um comportamento interessante, é como se no começo dos governos do PT, tentassem bajular os ministros da fazenda apra que continuem o capitalismo, apesar de (estranhamente) dizerem que Brasil, tal como Argentina, estejam sob governos "comunistas", o que rende bobagens como as escritas pelo colunista Rodrigo Constantino:
Ou seja, pode ser que em breve esse tão elogiado Levy também será visto como "socialista"...